quinta-feira, 27 de junho de 2013

Condicionamento clássico, versão livro amarelo


O primeiro passo para desmistificar o mito de que o uso de comida não serve para tratar de casos de agressividade é o seguinte: compreender que a comida não serve apenas para recompensar o bom comportamento. A comida serve, também, e sobretudo, como forma de accionar uma desejável associação entre um estímulo (no caso, aquilo que despoleta a agressividade) e algo de importância primária e sobejamente positiva (a comida). A comida serve para criar uma associação que faça com que algo que é visto como negativo pelo cão (algo perigoso, inseguro, desconhecido) passe a ser visto como positivo (seguro, indicador ou previsor de coisas boas).

O segundo passo para desmistificar o mito de que o uso de comida não serve para tratar de casos de agressividade é o seguinte: compreender o que é o condicionamento clássico, não confundir as suas leis com as leis do condicionamento operante, entender que tanto o clássico quanto o operante estão sempre a actuar e, por fim, saber as formas de usar as leis do condicionamento clássico a nosso favor e a favor da boa aprendizagem do nosso cão.

O terceiro passo para desmistificar o mito de que o uso de comida não serve para tratar de casos de agressividade é o seguinte: compreender que, de uma forma ou de outra, para se "reabilitar" um cão com problemas de agressividade ter-se-á de fazer um intenso trabalho de condicionamento clássico, de forma a associar o estímulo que gera a agressividade (outros cães, pessoas, etc.) com coisas positivas e seguras. Como, dê por onde der, vai ter de ser feito esse trabalho de condicionamento clássico, por que não fazê-lo desde logo? É mais tortuoso, lento, arriscado e frustrante começar por castigar o cão até o comportamento de agressividade ser colocado em hiato ou latência; e é mais directo, rápido, seguro e motivante começar imediatamente pelo trabalho de condicionamento clássico. Para isso, é boa ideia começar com uma distância de segurança, em vez de expor o cão a uma proximidade que ainda não é capaz de tolerar.

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